sábado, 13 de agosto de 2011

Tanzania - O berco da humanidade

  Vamos la para os relatos. Aqui no interior da Africa o acesso a internet eh dificil entao se prepararem para a correria, erros de portugues e palavras sem acento.

  Viajei no inicio de Agosto para Tanzania com conexao em Johannesburgo. Ja tinha deixado reservado um hotel perto do porto em Dar es Salaam para a primeira noite. Os relatos do guia Lonely Planet e nos foruns dos mochileiros eh que o melhor eh evitar andar de noite pelas cidades na Africa, se necessario pegar taxi. Do aeroporto fui de taxi para o hotel, me hospedei e no dia seguinte acordei bem cedo.

  Em Dar es Salaam a primeira visita foi ao Museu Nacional para ver a prova que dizem a Africa ser o berco da humanidade. Os fosseis mostrados no museu foram descobertos na garganta de Olduvai no norte da Tanzania na decada de 50, como irei visitar Olduvai deixo pra contar o que eu aprender la com o guia.

  O interior da Tanzania nao foi muito explorado pelos colonizadores e ate hoje a Tanzania tem mais de 100 tribos diferentes. No seculo XIX os europeus se interessaram pelo interior da Africa e a futura Republica da Tanzania foi transformada em protetorado alemao em 1885. Com a Primeira Guerra Mundial, a Gra-Bretanha tomou poder da Tanzania. A instalacao de colonos ingleses foi menos intensa do que em outros paises africanos. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Tanganica adotou medidas que contribuiriam, pouco a pouco, para viabilizar a sua futura independência que foi concedida em 1961como Republica de Tanganica que em 1964 se uniu com Zanzibar (arquipelagos de ilhas na costa de Tanzania), formando a Republica Unida da Tanzania conhecida atualmente.

  No museu foi mostrado a luta dos Tanzanianos na primeira guerra mundial para defender a Alemanha.

  Depois visitei o mercado de peixes e o palacio do governo. Estava tendo uma banda como se mostra na foto abaixo.


  Na Capital Dar es Salaam nao ha muito para visitar entao segui viagem no mesmo dia para Zanzibar de barco. O barco custa 35 dolares e demora 2 horas para chegar la.

  Na capital nao me incomodavam como turista porque tem bastante moradores brancos la, comprovado na fila do aeroporto que tinha varios brancos na fila de residentes da Tanzania. Agora nos lugares turisticos (Zanzibar e Arusha) a galera te incomoda tudo tentando te vender de tudo, e o mesmo papo da India dizendo que sao seus amigos, que nao querem dinheiro e nem vender ajuda, somente ajudar uma amigo e vamos que vamos... lugar turistico eh assim mesmo como o Pelourinho em Salvador.

Zanzibar

  Zanzibar eh famoso no mundo inteiro tanto que existe guias somente da ilha e ha voos direto para a Europa.
  Na chegada do barco a cidade de Stone Town eh fantastica, com igrejas e mesquitas ao seu redor.

Stone Town
  Andando por dentro de Stone Town voce sente na arquitetura e costumes que Zanzibar eh uma mistura da Persia Antiga, com o toque arabe de Oma e o sabor e cores da India. Eh uma mistura de povos exoticos do oriente antigo agora com os africanos do interior que uniu cores e simbolos africanos a ilha. Parece que a ilha parou no tempo.
  Os Persas no primeiro milenio se interessaram pela costa da Africa, trocavam seus produtos por escravos e ouro. No inicio do segundo milenio os comerciantes arabes tambem foram fazer comercio em Zanzibar buscando escravos e ouro. O povo de Zanzibar recebiam em troca as especiarias do oriente, roupas e outros produtos. Dai surgiu a mistura de cultura porque os indianos se interessaram tambem e enviam seus produtos para Zanzibar.
  Zanzibar crescia bem ate a chegada dos portugueses quando Vasco da Gama explorou Zanzibar a caminho das Indias em 1948 e a partir dai Zanzibar ficou sobre o controle dos Portugueses mas nao por muito tempo porque passou para as maos do sultanato de Oma no seculo XIX e depois ficou sobre controle britanico.


   Mas apesar do povo ser praticamente mulcumanos nao se ve caracteristicas de arabes e nem de indianos. A independencia de Zanzibar somente foi conseguida em 1963 e a revolucao sangrenta de 1964 expulsou os indianos e arabes da ilha ficando apenas os africanos.

  Depois de Stone Town fui para a costa leste visitando algumas praias e a que eu mais gostei foi Paje, linda!! Fantastico, parece fotos de cartao postal. Esta praia custa mais caro para se hospedar e paguei 45 dolares para ficar sozinho num bangalow na beira da praia com cafe da manha e jantar. Fotos abaixo da vista do hotel.



  Zanzibar eh conhecida no mundo como a ilha das especiarias e realmente eh. A comida eh fantastica, desde frutos do mar, peixes, vegetais tudo cozinho e com um tempero sem igual no mundo todo. Nao era o tempero forte da india mas um tempero mais parecido com o do meditarraneo, tudo saboroso. No primeiro jantar a entrada foi beringela mas aquilo estava temperado tao bem que parecia que eu estava comendo um pedaco de picanha argentina. Bom, talvez tenha sido exagero porque eu realmente estava com fome e nao achei lugar aberto para almocar naquele dia.

  O motivo de nao achar lugar para comer foi que em agosto eh Ramadan neste ano, o mes sagrado dos mulcumanos e a vila local ficava toda fechada. Os funcionarios mulcumanos nao tocavam em comida nos hoteis e o almoco tinha que ser reservado com atencedencia no hotel mas eu resolvi comer uma comida local mas como a vila eh mulcumano neste mes nao havia almoco local para comer, rs. Nenhum mercadinho aberto, nada.
 Vila toda fechada, quase ninguem na rua

  Nesta procura por comida antes de eu saber que era Ramadan conheci um senhor africano mulcumano que me convidou para a sua casa. Ele parecia bem intencionado com a simplicidade que nao iria me vender produtos mas com o andar do papo eu acabei dizendo que estava honrado com sua oferta e me retirei o mais rapido possivel, ele claramente falou da minha intencao de casar com uma das filhas procurando um pretendente. Licao aprendida, nunca mais falo que sou engenheiro na viagem, agora sou apenas estudante, rs.

  A praia de Paje eh tao calma, nao tem luz eletrica programada depois de certo horario de noite, somente casais andando na praia, a vila toda em silencio. Disseram que ate existe alguma festa e luau nos hoteis para os turistas mas no Ramadan o povo da vila nao permitiam musica em nenhum lugar. Internet nem pensar, rs. O jeito era jogar conversa fora, tomar uma cerveja vendo o luar refletir no mar verde, parecia que era dia e conseguia se ver tudo na praia.
  Aproveite a estadia para fazer dois passeios maravilhosos. Um foi nadar com golfinhos no sul da ilha, pega-se um barco e quando aparece um bando de golfilhos voce mergulha perto deles e vai vendo o movimento com snorkel...parece um ballet quando o grupo desce verticalmente com o bico para baixo, uma danca e perfeicao da natureza. O outro foi fazer mergulho e pela primeira vez vi um barco no fundo do mar.



  Bom, toda esta mistura de sabores da India, religiao e costumes da Arabia se mistura com os Masais que eh a principal tribo da Tanzania que migraram pra Zanzibar, ve-se masais direto indo pescar. Eh tudo muito simples aqui, uma delicia e o tempo anda de forma totalmente diferente.



    A pessoa mais famosa de Zanzibar foi Faroukh Bulsara que nasceu em Stone Town em 1946, filho de indianos. Ele e sua familia foram morar na Inglaterra em 1964, expulsos pela revolucao africana de Zanzibar. Em Londres Faroukh ficou famoso como vocalista da banda Queen, e conhecido como Freddie Mercury pelo mundo.


 

Arusha / Moshi


  De Dar es Salaam sao 10 horas de onibus para chegar a Arusha. Vale a pena pegar o servico mais luxuoso (17 dolares) mas nem chega a se comparar com a qualidade dos onibus brasileiros.
  Uma forma muito boa de ver o interior de um pais eh da janela de um onibus.

  Eu tinha entrado em contato com uma agencia local pela internet que ja tinha data certa para eu fazer a caminhada ao Kilimanjaro e Safari e esta agencia fechou, ainda bem que nao paguei nada adiantado. Com isto perdi quase 2 dias inteiros correndo atras de grupo para fazer o Kilimanjaro e Safari, consegui na agencia www.crown-eagle.com, o servico deles esta sendo dentro do planejado ja que peguei "budget tour" que dorme em barracas e nao em lodges.
  A media de precos para subir ao Kilimanjaro eh 200 dolares ao dia (mais da metade eh paga para entrar no parque como taxa do governo) e o Safari 140 dolares ao dia, inclue transporte, guia, 3 refeicoes, entradas aos parques nacionais, etc.

  Arusha eh uma cidade totalmente barulhenta e de noite nao fica ninguem na rua, fecham todo o comercio, ruas escuras e muito perigoso sair a pe de noite. Conheci um casal que foram atacados de noite. Apesar de ser uma cidade cheia de mochileiros e turistas nao eh uma cidade agradavel onde se encontra pessoas nos bares de noite, etc. Eh apenas um ponto de apoio para ir a Safari ou Trekking.
  A primeira noite que fiquei aqui estava morrendo de fome depois da viagem e o hotel nao tinha jantar por falta de agua, fiquei sem jantar e sem banho rs. Falta luz direto de noite tambem, dorme com a lanterninha ligada. Agora que voltei do Kilimanjaro (proxima postagem) fiquei num hotel melhor (25 dolares) q nao falta energia nem agua por ter seu proprio gerador.

  Arusha tem dois museus que sao bem legais. Um mercado. Depois que arrumei o grupo para o Kilimanjaro fui para Moshi, a 90 minutos de onibus, encontrar o guia e me preparar e alugar equipamentos extras de montanhismo para a subida ao topo da Africa. Acabei pegando a reserva no parque nacional (tem rotas que precisa reservar com 2 meses de antecedencia) de um europeu que desistiu e acabei pagando bem mais barato reservando de ultima hora (a agencia ja tinha recebido um deposito do cliente que faltou).


Rodoviaria de Moshi

Mercado local

Kilimanjaro

Dia 1 - Kilimanjaro National Park (1800 metros) a Mandala (2700 metros) - 3 horas

  Acordei as 5h30 com as rezas mulcumanas da mesquita perto do hotel e preparei toda mochila, deixando boa parte da bagagem na agencia. Saimos de carro de Moshi (900 metros de altitude) e seguimos para a entrada do parque onde me encontrei com 3 italianos e 2 suicos. Somente eh possivel fazer a caminhada ao kilimanjaro com guias credenciados e pelo menos tem que ter um guia para cada 2 turistas.
  A caminhada do primeiro dia eh tranquilo, 3 horas de 900 metros de subida ate chegar a 2700 metros de altitude (mais alto que a maioria das serras no Brasil). A caminhada eh toda em floresta tropical vendo varios macacos como se ve nas fotos abaixo.




Parada para jantar e dormir para o segundo dia em Mandala. Aqui ja estavamos acima das nuvens.


Dia 2 - Mandala (2700 metros) a Horombo (3700 metros)- 5 horas

  O segundo dia tambem eh uma caminhada tranquila de 5 horas. Com parada para comer o kit lanche que carregamos todo dia. Neste kit vem ovo cozinho, pao, suco, laranja e banana.
 

Comecando o segundo dia
Passando ao lado de um vulcao
Vegetacao tipica do segundo dia
Chegando a 3700 metros para jantar e dormir. O mesmo vulcao que de manha estava acima de nos, agora esta bem abaixo depois de subir 1000 metros no dia.

O jantar eh preparado pelo cozinheiro do grupo que vai junto com os carregadores da comida.
 Normalmente eh entrada de sopa com pao. Depois vem arroz, legumes e um pedaco de frango. Como eu nao tomo nem cha e nem cafe, passei 5 dias bebendo apenas agua, uns 5 litros por dia necessarios para minimizar o efeito da altitude.

  A 3700 metros de altitude (um pouco acima de La Paz) ja ficamos mais cansado subindo estes 1000 metros.
  Todos os dias dormiamos antes das 19h porque esfriava muito depois que anoitecia.


Dia 3 - Horombo (3700 metros) a Kibo (4700 metros) - 6 horas

Acordamos cedo novamente as 6h30 diariamente. O cafe da manha eh pao, ovo e salsicha.
Preparando para o terceiro dia de caminhada. Kilimanjaro ao fundo.
No terceiro dia ja avistamos o pico do Kilimanjaro. Veja que a subida eh bem dificil (pelo meio desta foto acima, ao lado do glaciar).
As fotos de 10 anos atras do Kilimanjaro parecia o Monte Fuji em relacao a quantidade de neve no topo. Hoje, devido ao aquecimento global, a neve esta desaparecendo a cada ano e sobraram apenas poucos glaciares no topo. Um dia no futuro ninguem vai acreditar que eu vi neve na Africa.

No terceiro dia a paisagem eh mais deserto. Um pouco cansado das 6 horas de caminhada com parada para comer o kit do almoco (novamente ovo cozido e pao, rs) chegamos a 4700 metros. Perto dos 5000 metros de altitude ja comecei a sentir dor de cabeca e ansia de vomito o que faz perder totalmente o apetite.

Jantamos um caldo de legumes com muita batata para nos dar energia para o dia seguinte que iriamos subir ao topo do kilimanjaro. Jantei sem apetite nenhum e a dificuldade de dormir perto dos 5000 metros eh muito dificil. Ja tinha passado outras vezes o mesmo mal de alta altitude e sabia que estava bem porque aquilo eh um sofrimento que eu ja sabia que ia passar, a experiencia ajuda a controlar este mal fazendo pouco esforco, comendo e bebendo muito liquido, nao dormindo ou deitando de tarde e ficar bem quietinho para quando dor dormir.
  Com muito frio, fomos dormir um pouco depois das 18h.

  No ultimo dia tinha ume expedicao toda organizada do Canada nas fotos abaixo. O jantar deles era de dar inveja e tinham ate banheiros/barracas com direito a ducha quente, muito chique o grupo de 35 montanhistas canadense. Eles fizeram a expedicao em 10 dias para se aclimatizarem bem e terem sucesso na subida ao cume. O ideal eh fazer a mesma caminhada em 7 dias pelo menos mas arrumei grupo somente para 5 dias, o que a 4700 metros de altitude ja fazia um efeito enorme em mim. Soh de lembrar que a 54 horas atras eu estava a 900 metros de altitude estava com uma grande chance de nao ter sucesso na subida ao pico devido ao pouco tempo para se aclimatizar.

Grupo de canadenses


Dia 4 - Kibo (4700 metros) a Uhuru Peak (5896 metros) - 7 horas
            Uhuru Peak (5896 metros) a Horombo (3700 metros) - 6 horas

  Este dia foi um dos dias mais pesados em toda minha vida. O esforco foi enorme. Acordamos as 23h, dormindo menos de 4 horas com muita dificuldade. Comecamos a caminhada perto da meia noite e o frio era enorme. Eu somente pensava que se aguentasse ate o sol nascer as 6h00 estaria tudo perfeito. Fomos passo a passo, devagar, cada degrau de uma subida forte na costa do vulcao com muita pedra e areia, o que as vezes um passo para cima voltava um passo para baixo igual caminhar numa duna em alguns pontos.
  Ate 5150 metros a subida foi firme e tranquila, devargazinho chegamos la as 2h00. Muito frio e nesta hora minha agua ja tinha congelado e eu morrendo de sede. Pegamos (segundo o relogio do italiano) 13 graus negativo e a agua congelou mesmo dentro da roupa e com a garrafa termica suica que levei.

  Acima dos 5150 eu olhava para o chao e dava um passo de cada, me esforcava para nao parar mas estava muito ofegante, falta total de oxigenio e a subida era muito forte. Nesta hora ja senti as pernas fracas devido a eu nao estar acostumado (nao tem nem onde treinar onde eu moro) a subidas inclinadas, usa-se outro musculo.
  Era um esforco muito forte de minha parte e de madrugada, sem dormir direito, enfrentando o frio e uma subida de mais de 1000 metros sem oxigenio acima de 5000 metros de altitude me fazia pensar que eu precisava controlar aquela situacao. Nao sentia mais os pes nem as maos, me esforcava para me manter acordado ate o amanhecer. Quando olhei no relogio vi que eram 4h30 da manha, vi que faltava pouco para amanhecer e sabia que iria conseguir.

  Nunca pensei em desistir! Montanhismo eh controle da mente, eu sei que irei sofrer e sofrer muito em altas altitudes mas o desafio e vontade de subir o Kilimanjaro ha mais de 10 anos eh mais forte que as poucas horas de sofrimento. Eh dificil para todo mundo, mesmo os montanhistas mais experientes voce percebe que eles vao puxando a perna devargazinho, uma por uma, com muito esforco... devagar e sempre.
  O relato de todos eh que se desligam mesmo, apenas olham pra frente e vao passo a passo evitando contar o tempo.

  As 5h30 cheguei a Gilmans Point (5680 metros) no topo do vulcao ja vendo a cratera e o ponto mais alto distante a 1h30 de caminhada. Neste momento o sol estava comecando a sair e ja fiquei bem mais aliviado e animado a continuar.

Sol nascendo em Gilmans Point
Subida dificil para chegar ao topo. Altitude de mais ou menos 5750 metros agora.

Glaciar perto do topo
As 7h00 cheguei ao ponto mais alto da Africa. Parecia cena de filme, ajoelhei faltando 150 metros de distancia de tao cansado que eu estava. Estava forcando muito para respirar com a falta de ar e pessima aclimatizacao (menos de 3 dias estava abaixo de 1000 metros). Mas chegar pela primeira vez a um dos 7 pontos mais altos de cada continente foi muita satisfacao. Nesta hora ja tinha voltado a beber agua depois que o sol nasceu.

A descida demorou 3 horas ate o acampamento a 4700 metros. O dia estava lindo, ceu aberto. De noite nem precisavamos de lanterna por causa da luz da lua quase cheia. Era lindo demais ver as estrelas subindo a montanha.
  As pernas faziam muito esforco na descida tambem.
Descida bem dificil.

  Mesmo na descida eu ficava muito ofegante em qualquer esforco fisico. Quando passamos a barreira dos 5000 metros minha respiracao voltou ao normal e conseguia caminhar normalmente para chegar ao alojamento.
Cheguei ao acampamento de 4700 metros muito cansado, tonto as 11h00 e precisava descansar mas o guia disse que tinhamos que sair as 13h para o acampamento a 3700 metros. Foi a melhor opcao porque a 3700 metros eu conseguiria dormir bem melhor para descansar.

Depois de 3 horas de descida pelo deserto cheguei a 3700 metros. Eu e os italianos nem conseguiamos nos levantar direito de tao doloridas estavam as pernas. Este dia foi cansativo, 13 horas de caminhada em condicoes extremas desde a meia noite. O relogio do italiano marcou 27 kilometros de percurso neste dia com muita subida.

Dia 5 - Horombo (3700 metros) a entrada do parque (1900 metros) - 5 horas

Acordamos as 6h00 para comecar a descida de 1800 metros com algumas subidas no caminho. A descida foi bem tranquila, 5 horas de caminhada bem facil. Ja estava me sentindo muito bem mas no dia seguinte ainda sentia dores nas pernas quando acordei na cidade.

 Os italianos se preparando para descer bem abaixo do vulcao e das nuvens.


Ultima visao do kilimanjaro, aproximadamente a 3200 metros de altitude.

Passando pela floresta tropical novamente, vendo o macaco branco acima.

  Cheguei na saida do parque por volta do meio dia. Fomos para Moshi, almocei com os dois suicos um prato maravilhoso (frango com pure de batata, legumes e salada) e banana split de sobremesa. Com suco e refrigerante (so nao tomamos cerveja para comemorar porque o restaurante nao vendia, o dono eh mulcumano) paguei 10 dolares, eh muito barato comer na Tanzania.

  De Moshi peguei um onibus para Arusha e me hospedei em um hotel muito legal, quarto com banheiro e piscina para relaxar as pernas. Agora tenho um dia de folga e amanha irei pegar um safari de 4 dias, novamente acampando sem luz eletrica.

Safari


  Tive um excelente descanso entre o kilimanjaro e safari, como veem na foto abaixo.

  O safari que marquei foi o de 4 dias que incluia dois dias no Serengeti, um dia no Ngorongo e o ultimo dia em Tarangire National Park.

Serengeti National Park:

  Acordei as 5 da manha e fomos rumo ao parque Serengeti la por volta das 11 da manha. A vista ja era espetacular, mostrando a savana africana. Pela primeira vez estava me sentindo no coracao da Africa mesmo, o que se ve em filmes e contos sobre a selva africana.

 Comemos o almoco em caixinha como no Kilimanjaro (ovo cozido, pao e suco em caixinha) na companhia de uma andorinha muito linda, toda azul.
 Durante toda a tarde fizemos safari com o jipe. Estava eu e mais 4 britanicas no jipe, mais o cozinheiro e o motorista que era o proprio guia. Uma Landrover adaptada que abre o teto para ver melhor os animais.
Em menos de uma hora dentro do parque avistamos uma cheettah (Guepardo) que eh o animal terrestre mais rapido de todos e alcanca cerca de 112 km/h o que tem grande sucesso ao cacar sua presa, normalmente gazelas.
 Esta foto com os elefantes mostra a visao que se tem do teto do jipe.
Esta foto com o leao mostra como os jipes acabam chegando bem perto, vendo detalhes dos animais como o tamanho de seus dentes. Os animais dentro do parque nacional sao protegidos contra caca e diariamente aparecem turistas e pesquisadores por perto e eles nem se preocupam mais com a presenca dos carros, nem fogem.
 O animal mais dificil de se ver na Africa eh o leopardo. Normalmente ele caca de noite e de dia descansa em arvores. Somente no Serengeti eu vi 4 leopardos o que mostra que eh o melhor parque de todo o continente para avistar todos os animais junto com o Mara Massai no sul do Quenia. Na verdade os dois sao os mesmo parque mas mudam de nome porque muda a fronteira do pais. Eu fui na epoca de seca que nao tem tantos animais quanto na epoca de chuva e olha que vi praticamente todos que eu lembro, o BIG FIVE (Bufalo, Elefante, Leao, Leopardo e Rinoceronte) e muitos outros como girafas, hipopotamos, hienas, javalis, etc.

 Leopardo descansando em arvores
 Girafa em Serengeti
 Bufalos
 Gnus
Hipopotamo
 Leopardo. Nesta mesma arvore tinha um mais escondido comendo uma gazela e um bando de hienas embaixo para pegarem as sobras. As hienas comem toda a carcaca de um animal inclusive os ossos e ficam atras dos leoes e leopardos para pegarem sua caca ou os restos destas. As vezes as hienas em bando precisam cacar tambem.
 Elefantes em Serengeti.
 Um dos Jipes capotou no banco de areia.

Fiquei espantado quando vi que o acampamento nao tinha cerca e nem isolamento nenhum no meio da selva. Incrivel! Quando acampei no Kruger National Park na Africa do Sul havia cerca eletrica isolando o acampamento dos animais e mais vigias do parque com rifles.
  Eu via leao a menos de 2 kilometros do acamapamento e olha que esta distancia para a noite toda nao era nada. A recomendacao era nao levar comida para dentro da barraca. De noite, sem brincadeira, ouvia-se barulho de tudo quanto eh bixo passando e de manha se via as pegadas dos animais. De dia com o movimento dos humanos eles nao se aproximam, de noite quando todos dormem eles vao la e roubaram todo o lixo dos jantares feitos por cada cozinheiro de cada grupo de turistas. 
  O guia viu pegada de hienas que sao perigosas e de bufalos com zebras que sao mais pacificas e apenas estavam procurando os matinhos do acampamento.

Ngorongoro Presevation Area
Dentro de Ngorongoro existem tribos Masais, a tribo principal dentre as 100 existentes na Tanzania. Por isto nao eh um parque nacional e sim uma area de preservacao dos animais e da cultura masai tambem. Os Masais nao cacam, ha seculos vivem de agricultura e pecuaria. Possuem roupas coloridas e vivem com uma vareta na mao para tocarem seu rebanho.

Nesta foto masais estavam levando dromedarios, provavelmente para meio de transporte na savana.
 Vila Masai, eles vivem em diversas vilas destas e precisam proteger seus rebanhos dos animais carnivoros da savana. Eu vi um grupo jogando futebol num campo no meio da selva e uma girafa passando do lado deles. Eles vivem assim ha seculos, no meio dos animais.
 Os animais ficam dentro da cratera de Ngorongoro que eh cercada por paredes de 600 metros. Ha varios tipos de animais, muitos leoes e ate flamingos.
 Bufalos
 Hiena alimentando seus filhotes com a carcaca de uma cabeca de Gnu.
Leoas se preparando para atacar as zebras.
 Os lugares que iamos almocar ou acampar de noite e podiamos descer do carro era no meio da selva, onde se ve elefantes e zebras por perto.

  Alguns dos varios animais menores eu tinha dificuldade de traduzir em portugues. Vi no meio da selva uns bichos parecidos com galinha d'angola, imaginei que seria impossivel. O guia disse que eram Guineafowl (traducao literal Ave/Galinha da Guinea) mas olhando na internet vi que realmente os portugueses traduziram para Galinha de Angola.

Tarangire National Park

Depois de ver tantos animais nos dois parques anteriores fomos para Tarangire que eh famoso pelos elefantes e arvores Baobab.
Neste dia quando acordei fui tomar cafe da manha e quando voltei os babuinos estavam revirando toda minha barraca, esqueci de deixar fechada. Mas como nao tinha comida nem abriram nada, apenas estavam curiosos.
 Arvores Baobab
 Hipopotamos nadando
Javali
Babuinos fugindo da minha barraca com a minha chegada